A lanterna de Diógenes
Na pintura de Rafael de Sanzio que está exposta na Stanza della Segnatura no Museu no Museu do Vaticano, vemos representada a figura do filósofo cínico Diógenes de Sínope. Ele está sozinho, em uma pose descontraída, com uma túnica simples e um copo ao lado, refletindo seu estilo de vida minimalista e sua rejeição de luxos. Apesar de não estar representada na pintura, há uma outra mensagem relacionada a Diógenes e que pode ajudar a entender a mensagem representada por Rafael no quadro: conta-se que Diógenes caminhava em plena luz do dia com uma lanterna acesa, dizendo que procurava "um homem honesto" ou "um verdadeiro homem".
Diógenes está sozinho, isolado e afastado dos grupos de seres humanos que compõem o quadro e poderíamos interpretar que o filósofo não havia encontrado ninguém ainda na sua busca. Acontece que ele está em um quadro rodeado pelos grandes filósofos e mestres da humanidade. A solidão pode representar que a busca deve ser feita dentro de cada um. A vestimenta de Diógenes é da mesma cor das roupas usadas por Platão, uma das figuras centrais do quadro. A busca do homem honesto, do homem autêntico é um esforço interior, uma busca filosófica.
A postura descontraída e um pouco desleixada de Diógenes pode apontar uma outra razão para o insucesso da sua busca: precisamos estar concentrados e manter o foco se queremos chegar a encontrar a honestidade dentro de nós mesmos. Sem essa postura, a busca dentro de nós nunca vai gerar o homem honesto e completo que procuramos. O aspecto despojado do filósofo sugere, por outro lado, que não precisamos de muitos conhecimentos intelectuais e de condições especiais para começar a nossa busca. Na tela de Rafael, Diógenes está fazendo a leitura de uma folha simples e na história associada a Diógenes, ele porta uma lanterna sempre acesa em busca de seres humanos completos.
Rafael de Sanzio expressou várias mensagens filosóficas na sua obra-prima e quando colocamos os olhos na figura de Diógenes podemos pensar em uma mensagem moral e filosófica velada pela personagem colocado muito próximo do centro do cenário: parcamente vestido, solitário, mas investigando e iluminando os lugares por onde passa.