Confúcio ensinava que podemos avaliar um povo analisando a música que é ouvida por ele. Não é difícil entender a influência que a música pode causar nos cidadãos de um estado. Há um senso comum que sustenta os benefícios de apreciação de músicas de qualidade e que conduzem a um melhor estado de ânimo. O contra-exemplo também é verdadeiro. O ponto aqui é como se dá a relação entre música contemporânea e música presumidamente boa e clássica.
George Steiner, um crítico literário que falava muito de música, afirma que o conservadorismo de hoje foi a música ousada de ontem. É inegável a qualidade das peças musicais que resistem ao tempo e consolidam-se como clássicos e são confirmadas pelo público que comparece e prestigia com entusiasmo. A música moderna, experimental, contemporânea é renegada a nichos especializados e restritos e não são contempladas com recursos de comercialização e performances. Mas será que isso é uma regra? Tem que ser assim?
As músicas que resistem são a demonstração de que a beleza não é temporal. Ou seja, nem toda música será longeva, nem toda música cumpre com o pré-requisito essencial de uma obra de arte que é a transmissão da beleza. Muitas vezes uma música “moderna” é considerada ruim não porque ainda não estamos acostumados ou preparados para aquela nova proposta, mas porque se trata de uma obra de arte medíocre. Originalidade não garante a qualidade de uma música.
A relação do homem com a música do seu tempo não deve ser escolher entre música antiga ou música moderna. Temos que nos esforçar e apreciar a música ao ponto de dizer que buscamos música boa, música bela.