Informações Bibliográficas

O idiota, Dostoievski.

Martin Claret, 2019

Tradução: José Geraldo Vieira

Páginas: 712

Leitura Analítica

  1. O que o livro está tentando dizer?

O livro conta a história de um personagem considerado “Idiota” pela sociedade russa do século XIX. Sua idiotice não era tanto devido a sua fraca saúde mental mas devido à sua falta de habilidade social e nas questões de vida “prática”. 

  1. O que exatamente está sendo dito e como?

O livro é dividido em quatro partes e relata várias situações da vida do Príncipe Michkin, o idiota do título. Os capítulos são densos, as cenas são relatadas sob o ponto de vista psicológico e o autor nos coloca vivendo na Rússia do século XIX. A tradição russa é como mais um personagem do livro, a maneira russa de viver, com todos os seus desafios e o seu tamanho geográfico e sociológico. No meio desse cenário, um triângulo amoroso é a principal trama do enredo. 

  1. Qual é o julgamento que adotamos em relação às teses do livro?

Aparentemente o final da estória para o personagem principal não é feliz, mas não sei se dá para concluir que o livro quer nos convencer que não dá pra viver de forma inocente na sociedade contemporânea pois os “idiotas” serão engolidos pelas forças sociais. O “Dom Quixote russo” é mais um exemplo da luta contra os gigantes inimigos,  onde os personagens comparados são radicalmente diferentes, mas semelhantes no olhar para a realidade e para o seu comportamento. 

A densidade e a intensidade das situações e cenas do livro expõem a habilidade de Dostoiévski de descrever a psique humana e a sensação é que estamos olhando para essa realidade psíquica pelo lado de dentro. Talvez no final de cada situação acabamos nos posicionando moralmente ou simpatizando com um ou outro lado, mas a grande riqueza está nesse olhar psicológico que o autor descreve de cada personagem e de cada ação.

  1. Qual a importância do livro?

Livros longos e lidos sem pressa são uma companhia que elegemos por um período da nossa vida. Ao lado do príncipe Michkin, da Nastássia Filíppovna e Aglaia Ivanovna participamos um pouco da realidade russa antiga e tradicional durante um tempo. A literatura russa é uma experiência muito profunda e reveladora e que relata com caracteres locais, grandes verdades sumamente humanas.

Excertos

[...] a essência do sentimento religioso não se esboroa sob espécie alguma de raciocínio, ou de ateísmo, e não tem nada a ver com crimes ou delinquências quaisquer. Há alguma coisa mais, além disso.
A compaixão era a principal e decerto a única lei de toda a existência humana.
Delicadeza e dignidade são ensinadas pelo coração e não pelo professor de dança.
No amor abstrato para com a humanidade, não se ama a ninguém, e sim a si próprio.
Que nossos olhos batam no rosto de uma criança, que nossos olhos deslumbrem diante do nascer do sol, que se abaixem para ver como a erva cresce! Isso chega para dar felicidade.
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