1. Informações editoriais

O lobo da estepe, Hermann Hesse. Tradução: Ivo Barroso. Editora Record, 2020. 252 páginas

  1. Leitura Analítica

O que o livro trata como um todo?

O livro é um romance que relata passagens da vida de Harry Haller, um intelectual quinquagenário, e que se apresenta, entre outros adjetivos, como lobo da estepe. 

O que exatamente está sendo dito e como?

O livro mostra que a aparente dualidade homem-lobo é reduzida para explicar o ser humano. Outros personagens e situações demonstram que é preciso de mais vocabulário para definir a nossa natureza. O teatro mágico é citado e experienciado em vários trechos do enredo, com muitas portas, cada uma com um título próprio e onde somos acompanhados pelas nossas próprias lembranças passadas e pelo discurso verbal e musical dos “imortais”. 

Qual é o julgamento que adotamos em relação às teses do livro?

As primeiras interpretações deste livro publicado em 1927 fizeram o autor publicar um nota explicativa, ao modo de um posfácio, para edições futuras. O livro não trata de enfermidade, de crise, de destruição e morte; seu mote principal fala de redenção, fala de sentido, de cura. O livro é um convite ao autoconhecimento, ao reconhecimento da beleza imortal que ainda resiste no teatro da vida. No início do livro o autor dialogava com o lobo e no final o seu interlocutor é Mozart, e se fala de recomeço, de ser melhor, de conversar com Krishna, de ser a história não de um homem em desespero, mas de um homem que crê.

Qual a importância do livro?

O livro trouxe de volta uma antiga experiência:  a de recomendar o livro para todas as pessoas para que elas sintam o mesmo. Mais uma vez, a literatura mostra o seu valor e a sua capacidade de criar um diálogo consigo mesmo, de nos guiar pelos labirintos que encontramos no caminho, só que agora acompanhados pelo livro e  pelo autor.  Quando se termina, fica a impressão de que precisamos compreender muito mais pra não perder nenhuma referência, nenhuma mensagem e fazer jus à intenção do autor de ser compreendido. Herman Hesse é um autor de releituras.

  1. Excertos

O homem devia orgulhar-se da dor; toda dor é uma manifestação de nossa elevada estirpe.

Sou, na verdade, o Lobo da Estepe, como me digo tantas vezes - aquele animal extraviado que não encontra abrigo nem ar nem alimento num mundo que lhe é estranho e incompreensível.

Não precisava mais de vinho. A trilha dourada voltara a refulgir, eu havia recordado o eterno: Mozart, as estrelas. Podia voltar a respirar por uma hora, podia existir, não necessitava sofrer tormentos, nem temores, nem vergonhas.

Um homem capaz de compreender Buda, um homem que tem noção dos céus e dos abismos da natureza humana, não deveria viver num meio em que dominam o senso comum, a democracia e a educação burguesa.

Não raro em minha vida - difícil e insensata - fui como o nobre Dom Quixote, preferindo a honda à comodidade e o heroísmo à razão!

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